Uma reflexão sobre pessoas e sucesso de marca

Quem trabalha com design sabe que sempre precisamos ter um público em mente, pois para eles que desenvolvemos produtos e serviços, sejam estes físicos ou digitais. Miramos em um público para resultados mais eficazes, pois sem pessoas não há razão para a existência do design e de marcas no geral. O design serve para suprir necessidades humanas com produtos, mas como toda profissão, antes de tudo, o design precisa resolver problemas. Então, me acompanhe nessa reflexão sobre pessoas e sucesso de marca.

Como devemos chamar esse público?

Houve um tempo (até hoje em alguns casos) em que os chamávamos de público-alvo, sendo os quais devemos mirar e no final de um projeto atingi-los, representando o sucesso da criação. Portanto, agora as personas estão mais em voga por representarem uma amostragem mais qualificada. Esta é criada a partir de pesquisas e amostragens relacionadas à quem precisamos atingir com a nossa criação.

No livro “A Festa de Maria”, onde já falei um pouco nesse artigo, Rubem Alves expõe sua perspectiva sobre a palavra persona a partir de sua origem:

“Está dito na palavra ‘pessoa’, que vem do latim personaque quer dizer ‘máscara de teatro’. O teatro é algo que precisa de um público para existir. Sem um público ele não tem sentido. As personae, as máscaras de teatro, portanto, são usadas para um público.”

Lendo esta frase, me gera um certo incômodo. Porque parece não ter muito sentido com a definição de persona que usamos no design… Mas relendo algumas vezes vejo relação e novas reflexões sobre esse termo que usamos.

Quando criamos uma persona, mesmo que seja baseada em fatos reais, ainda é fictícia, pois não é alguém que o público é de verdade; é quem o público quer ser. Desta forma, criamos para o desejo de alguém ser suprido. Para que pessoas alcancem seus objetivos físicos ou de status, pois é aí que mora a auto-estima.

Agora que entendemos sobre a definição desses termos usados, vamos à reflexão raiz deste texto.

Em uma live proporcionada pela plataforma de ensino online da PUCPR – a Slash, durante a pandemia, a convidada Marina Roale, do grupo Consumoteca, comentou sobre como é equivocado chamarmos as pessoas de público-alvo atualmente. Porque essas pessoas não são apenas uma mira onde devemos acertar e não obter nenhum retorno, como propõe uma flecha ou dardo com o termo “alvo”. Esse público nós dá retorno e devemos estar em constante contato com ele para mantermos uma conversa real e profunda sobre suas necessidades, vontades ou apenas por se importar com as pessoas.

Atualmente, diversas marcas já constroem seus serviços escutando integralmente seu público, sem supor nada ou depender inteiramente em pesquisas de tendências. Ainda é algo novo e um movimento ousado, mas os resultados são notáveis.

Por que isso acontece?

Porque as pessoas querem se sentir cuidadas e ouvidas! Cada pessoa é única e tem sua própria necessidade. Obviamente, sei que é impossível desenvolvermos produtos únicos para cada pessoa, mas o que podemos fazer, é tornar sua experiência única e marcante, entregando valor. Além disso, podemos encontrar um padrão de necessidades e desejos nas pessoas, e com isso vamos refinando a experiência do usuário. Dessa forma, sua marca vai entregar além de bens materiais, vai entregar valor e respeito.

Para finalizar, gostaria de deixar essa reflexão sobre como devemos chamar os humaninhos que são a real existência das marcas.

Na língua portuguesa, temos as vozes verbais ativa, passiva e reflexiva nas composições de frases. Alguém que age, outro que recebe e a terceira que é capaz de agir e receber, respectivamente. Isso encaixa bem com o que queremos do nosso público, não é mesmo? Queremos agentes reflexivos, que tenham abertura para receber e agir. E assim, tenho certeza que sua marca terá resultados mais relevantes com o seu público, se tornando uma marca amiga e de real importância para a sociedade.

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